Bento XVI ressalta importância do meio ambiente em audiência geral de final de verão

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Papa Bento XVI

Castel Gandolfo (Quarta, 26-08-2009, Gaudium Press) “Enquanto se volta às atividades cotidianas, como não agradecer a Deus pelo dom precioso da criação, do qual é possível gozar, e não somente durante o período de férias!” Hoje pela manhã foi realizada a última audiência geral e Bento XVI no período de férias de verão na Itália e na Europa. Por conta disso, o Papa optou focar a catequese de seu discurso na importância da proteção e do respeito ao meio ambiente, cujas discussões, segundo o pontífice, estão fazendo suscitar uma nova “sensibilidade” sobre a questão.

“A terra é o dom precioso do Criador, o qual nela designou ordenamentos intrínsecos, dando-nos assim os sinais de orientação aos quais devemos nos ater como administradores da sua criação. E é exatamente a partir desta consciência que a Igreja considera as questões ligadas ao ambiente e à sua proteção intimamente conectadas com o tema do desenvolvimento humano integral”, declarou Bento XVI, lembrando que a temática esteve presente também em sua mais recente encíclica.

“A tais questões me referi diversas vezes na minha última encíclica “Caritas in Veritate”, chamando para a ‘urgente necessidade moral de uma solidariedade renovada’ não somente nas relações entre os países, mas também entre os próprios homens, uma vez que o ambiente natural foi dado por Deus a todos, e o seu uso comporta uma responsabilidade pessoal nossa com relação a toda a humanidade, em particular aos pobres e as gerações futuras”.

Bento XVI alertou para o mau uso dos recursos naturais e disse ser “indispensável” repensar o atual modelo de desenvolvimento global, de forma que as próximas gerações consigam ainda herdar uma terra onde possam “habitar dignamente e cultivar”.

Ao término da audiência geral, Bento XVI recitou a oração do Pai Nosso em latim, saudou os fiéis presentes em suas línguas de origem e concedeu a benção final. O Papa também voltou à janela do pátio interno do Palácio de Castel Gandolfo para dirigir-se especialmente aos peregrinos alemães, presentes em grande número no local.

Com o fim de agosto, terminam em toda a Europa as férias de verão. Também o Vaticano volta ao seu dia-a-dia regular, mas, por conta do clima ainda quente desta temporada, o Santo Padre permanecerá trabalhando na sua residência de veraneio de Castel Gandolfo até meados de setembro. O próximo mês será intenso para Bento XVI em termos de viagens apostólicas. No primeiro domingo, parte em visita a Viterbo e Bagnoreggio, na Itália. No fim do mês, viaja a República Tcheca.

A última audiência geral de verão contou com uma presença
maior de fiéis em relação às demais do mês de agosto. Perto de 5.500 pessoas estiveram presentes. Entre elas um grupo de 15 visitantes oriundo de Mogi das Cruzes, no Brasil, que entoou uma “Ave Maria” ao Papa quando este começou a saudação em português. O Papa parecia muito contente e descansado e fez coro aos fiéis brasileiros no canto.

“Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os grupos do Coral de Vila Real e de Mogi das Cruzes, desejando que esta visita ao Sucessor de Pedro fortaleça a vossa fé e vos ajude a irradiar o Amor de Deus na própria casa e na sociedade. O Pai do Céu derrame os seus dons sobre vós e vossas famílias, que de coração abençoo”.

Ao final, em italiano, o Papa pediu a um grupo de estudantes da escola superior de Saitama, do Japão, para que cantassem em japonês. Com o canto mariano “Madonna Nera”, o Santo Padre saudou também os peregrinos poloneses. Hoje, na Polônia, se celebra a Solenidade da Beata Maria Virgem de Czestochowa, conhecida como “Madonna Nera”. No santuário de Jasna Gora (monte claro) em Czestochowa, se encontra a antiga imagem de Maria, com o rosto negro, segurando o menino Jesus. O local é considerado o mais importante e famoso sítio religioso e mariano da Polônia, chamado de capital espiritual da Polônia e já visitado por João Paulo II e Bento XVI.

fonte: Gaudium Press

Papa alerta: respeito à vida e sobre ecologia

Encíclica considera contradição pedir às novas gerações o respeito do ambiente «quando a educação e as leis não as ajudam a respeitar-se a si mesmas»

vida

Bento XVI considera que um “dos aspectos mais evidentes do desenvolvimento actual” é a questão do respeito pela vida, condenando mentalidades anti-natalistas e a promoção do aborto e da eutanásia.O documento indica que “a fecundação in vitro, a pesquisa sobre os embriões, a possibilidade da clonagem e hibridação humana nascem e promovem-se na actual cultura do desencanto total, que pensa ter desvendado todos os mistérios porque já se chegou à raiz da vida”.

“À difusa e trágica chaga do aborto poder-se-ia juntar no futuro – embora subrepticiamente já esteja presente in nuce – uma sistemática planificação eugenética dos nascimentos. No extremo oposto, vai abrindo caminho uma mens eutanasica, manifestação não menos abusiva de domínio sobre a vida”, adverte.

Segundo Bento XVI, se “não é respeitado o direito à vida e à morte natural, se se torna artificial a concepção, a gestação e o nascimento do homem, se são sacrificados embriões humanos na pesquisa, a consciência comum acaba por perder o conceito de ecologia humana e, com ele, o de ecologia ambiental”.

“É uma contradição pedir às novas gerações o respeito do ambiente natural, quando a educação e as leis não as ajudam a respeitar-se a si mesmas”, diz o Papa.

A encíclica diz que os projectos para um desenvolvimento humano integral “não podem ignorar os vindouros, mas devem ser animados pela solidariedade e a justiça entre as gerações, tendo em conta os diversos âmbitos: ecológico, jurídico, económico, político, cultural”.

Em particular, Bento XVI desenvolve as questões relacionadas com “as problemáticas energéticas”, condenando “o açambarcamento dos recursos energéticos não renováveis por parte de alguns Estados, grupos de poder e empresas”.

“A protecção do ambiente, dos recursos e do clima requer que todos os responsáveis internacionais actuem conjuntamente e se demonstrem prontos a agir de boa fé, no respeito da lei e da solidariedade para com as regiões mais débeis da terra”, indica o documento.

O Papa observa que “a monopolização dos recursos naturais, que em muitos casos se encontram precisamente nos países pobres, gera exploração e frequentes conflitos entre as nações e dentro das mesmas”.

Nesse sentido, prossegue, “a comunidade internacional tem o imperioso dever de encontrar as vias institucionais para regular a exploração dos recursos não renováveis, com a participação também dos países pobres, de modo a planificar em conjunto o futuro”.

Por isso, Bento XVI frisa que também neste campo “há urgente necessidade moral de uma renovada solidariedade, especialmente nas relações entre os países em vias de desenvolvimento e os países altamente industrializados”.

“As sociedades tecnicamente avançadas podem e devem diminuir o consumo energético seja porque as actividades manufactureiras evoluem, seja porque entre os seus cidadãos reina maior sensibilidade ecológica. Além disso há que acrescentar que, actualmente, é possível melhorar a eficiência energética e fazer avançar a pesquisa de energias alternativas”, pode ler-se.

“O açambarcamento dos recursos, especialmente da água, pode provocar graves conflitos entre as populações envolvidas”, alerta ainda a “Caritas in veritate”.

Fonte: Eclesia