Um pouco de história

vistaparcialdaSerradaCantareiraA reserva da Cantareira cantareira1.jpgfoi o primeiro núcleo a abastecer de água a cidade de São Paulo, no local chamado Engordadouro, hoje aberto à visitação pública. É um lugar maravilhoso. Lá ficavam os primeiros reservatórios, e em1890 o governo do estado, naquela época provincial, fez o tombamento da serra da Cantareira, já prevendo o aproveitamento desse manancial que vem do rio Jundiaí. A água da serra é puríssima, e felizmente ainda não chegamos ao ponto de ter invasões ao redor das represas e não há igualmente a contaminação industrial, como acontece no sistema Guarapiranga-Billings, onde a água passa a custar sete a oito vezes mais por causa do tratamento.

Diante desse manancial, que abasteceu quase 80% da capital paulista, pode-se ver a importância do cinturão verde e o risco que corre com o Rodoanel e a ocupação irregular do solo. É o crime organizado que o ameaça, mancomunado com políticos, levando à especulação imobiliária.

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Uma proposta é cercar essa área com tela e sistema de vigilância, para termos tempo de reverter a situação.

O discurso dos ambientalistas tem sido muito defensivo. Temos de mudar essa atitude e passar para uma pró-ação. São Paulo é uma das piores cidades do mundo em termos de área verde por habitante. Entretanto, entra governo, sai governo e não se faz nada para reverter esse quadro.

A serra da Cantareira abriga cerca de 200 espécies de aves, quase o dobro da avifauna de toda a França, que tem 120 em todo o seu território. Existem quatro espécies de macacos, várias de felinos, como a jaguatirica, o gato-do-mato, a onça parda e a parda vermelha, que estão seriamente ameaçadas. É considerada a maior floresta urbana do mundo, com seus 80 quilômetros quadrados, que é o número fornecido pelo Instituto Florestal. Só que está sendo comida pelas beiradas, para usar um termo vulgar, por causa das invasões, que vêm não só do lado da capital como também de Mairiporã, de Caieiras, ou seja, da megacidade paulista. Há também condomínios de classe média alta no meio da serra, que a destroem, manifestando uma grande falta de conscientização. Os grandes vilões nessa questão ambiental são a desinformação, a ignorância, a ganância imobiliária, enfim, interesses econômicos que não levam em conta a questão mais importante que é nossa sobrevivência.

A reserva da biosfera de São Paulo recebeu um prêmio de US$ 200 mil da Ted Turner Foundation, que a considerou a mais importante do mundo, por ser a única encravada num contexto metropolitano da proporção de São Paulo. O Brasil, aliás, é campeão mundial de biodiversidade, o país onde há mais espécies em todo o planeta. Mas infelizmente também é um dos campeões da destruição.

Um pouco de história

De onde vem a palavra Cantareira?

As versões são muitas. Há quem diga que o nome se deve aos cântaros, porque havia muita água no local. Pode vir também de cantaria, no sentido de cortes de pedra, porque também há muita pedra na região. E também pode ter origem no canto dos pássaros ou na cantoria dos macacos.

É interessante pesquisar também a origem do local. Os livros de história não relatam isso, mas há descobertas recentes, como as publicadas nas obras A Saga de Aleixo Garcia e Chão de Piratininga, uma tese de Wilson Maia Fina, arquiteto do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo já falecido. O trabalho versa sobre a questão de Piratininga, que sempre consideramos o nome original de São Paulo, e que seria a região do centro velho de São Paulo, incluindo a Sé e o Pátio do Colégio.

Martim Afonso de Sousa, com a ajuda de João Ramalho, fundou a Vila de São Vicente, e Pero Lopes de Sousa, seu irmão, era o escrivão dessa expedição. A 9 léguas de São Vicente, de acordo com o documento – segundo outros são 10 léguas –, fundou a Vila de Piratininga, às margens do rio do mesmo nome. Esse rio Piratininga nunca foi encontrado. Há quem diga que seria outra designação do Tamanduateí, e para terceiros poderia ser o Anhembi ou Tietê, porque dependendo do local ou da situação do rio os índios lhe davam um nome diferente. Piratininga significa, segundo alguns etimólogos, peixe seco, ou o local onde o peixe seca. O professor Emanuel Rodrigues, por exemplo, acredita que seria o Tamanduateí, porque como a várzea ali alagava muito é possível que nas lagoas o peixe secasse. Há quem ache que seria um córrego na região de Paranapiacaba, no alto da serra do Mar. A verdade é que nunca se encontrou com certeza esse rio. Há também quem defenda a tese de que seria o local onde viviam os piratinins, uma tribo indígena.

No entanto, Wilson Maia Fina fez uma análise cuidadosa no Arquivo do Estado de São Paulo e também no Arquivo Municipal, onde há referência a Piratininga. Realizou levantamentos dos primeiros registros cartoriais da Vila de São Paulo de Piratininga, desde 1570, e traçou um mapa seguindo as divisas estabelecidas naqueles documentos. As referências são o rio Juqueri, a serra da Cantareira, ao norte do rio, no termo da Vila de São Paulo, e os rios Cabuçu e Santa Inês. A Estrada do Juqueri seria possivelmente a atual Rua Doutor Zuquim ou a Voluntários da Pátria.

A Vila de Piratininga se dispersou depois de sua fundação e permanece o mistério relativo a esse rio. Talvez houvesse interesse em despistar o local da fundação por causa do Tratado de Tordesilhas, para não ferir a coroa espanhola, mas isso são conjeturas. A verdade é que havia um assentamento provavelmente no ponto extremo de São Paulo, no alto da serra, um local estratégico para o acesso às Minas Gerais.

Outra constatação interessante: na Cantareira existe uma espécie de carvalho nacional, o Euplassa cantareirae. Onde essa árvore nasce, acreditava-se que existia ouro. Houve então mineração nessa região. Conclusão: Piratininga possivelmente ficava na Cantareira.

Wilson Maia Fina estabelece que a Vila de São Paulo estava situada no campo de Piratininga, ou seja, para os portugueses, vencida a serra do Mar, o planalto passa a ser um campo, porque logo em seguida vem o maciço da Cantareira. Assim, o campo de Piratininga seria onde vivemos hoje, e São Paulo de Piratininga significa a igreja de São Paulo, que atendia a Piratininga. Anchieta também escreveu, em torno de 1560, que havia portugueses vivendo em pecado na região da Cantareira, em Piratininga, porque lá não havia igreja. Essa é uma notícia interessante, que merece ser pesquisada. É possível que no subsolo dessa região haja algum indício arqueológico que prove essa tese.

http://www.recanta.org.br/cantareira_historia.html 

A SERRA DA CANTAREIRA E O HORTO FLORESTAL – HISTÓRIA

Parque da Cantareira

Parque da Cantareira, 1896. Crédito: Arq. Municipal – Seção Arquivo de Negativos DIM/DPH/SMC/PMSP.

Em frente à cidade de São Paulo ergue-se a Serra da Cantareira, no bairro do distrito do Mandaqui, à margem direita do Rio Tietê. A palavra cantareira significa “pedra para apoiar um cântaro ou pote d’água”, o que sugere a presença de águas contínuas na região. Por esse motivo, a Serra da Cantareira tornou-se uma importante rede de abastecimento da cidade.

Do século XVI ao XVIII, a região dedicou-se ao cultivo de legumes, frutas e mandiocas, vendidos na cidade. A partir do final do século XIX, com o crescimento da cidade, a Companhia Cantareira de Água e Esgotos reorganizou o sistema de abastecimento de água e mudou o perfil da região. Para garantir a área de preservação dos mananciais, criou-se uma reserva florestal de 5.647 hectares. Em 1893, foi criado o Parque da Cantareira, com bosques, lugares para piqueniques e práticas de esporte. Um grande jardim com bancos e cascatas recebia pessoas elegantemente vestidas.

O acesso ao parque foi facilitado pela ferrovia. A estação Cantareira estava localizada à Rua 25 de Março, em frente ao mercado. O percurso de 13 quilômetros era muito agradável, com paradas em Santana, Mandaqui, Tremembé e Cantareira. Foi desativado em 1957, após 63 anos de serviço. No seu último dia de viagem, uma faixa na plataforma dizia: “Os funcionários do Trenzinho da Cantareira desejam ao comércio e ao povo muitas felicidades, no adeus saudoso de despedida ao velho e inesquecível trenzinho”.

Um pouco abaixo do reservatório foi instalado o Horto Botânico, mais tarde chamado de Horto Florestal, uma das raras áreas verdes da zona norte da cidade, onde ainda existem aves, macacos, tatus, esquilos, antas, quatis e capivaras.

O Guia do Estado de São Paulo de 1912 descreve a Cantareira como:

“Local pitoresco, muito freqüentado, principalmente aos domingos e feriados. Nestes recantos deliciosos as montanhas apresentam aspectos variados e soberbos, todas cobertas por matas vastas e densas, onde destacam velhos troncos retorcidos entrelaçados por cipós. Quem desembarca na estação do tramway surpreende-se com um jardim de flores e uma floresta esplêndida e, logo após o bosque, uma cascata formada por um fino curso de água cristalina e fresca que se precipita apresentando um aspecto delicado. É difícil descrever as belezas deste recanto de São Paulo, é só visitando este local agradável que podem conhecer-se os charmes da natureza exuberante das montanhas da Cantareira”

Fonte: http://www.aprenda450anos.com.br

Ciclo de Conferências na Faculdade Arautos em defesa Meio Ambiente na Serra da Cantareira

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Fauna da Serra da Cantareira – Tatu

Dasypodidae
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Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia
Superordem: Xenarthra
Ordem: Cingulata
Família: Dasypodidae

Gray, 1821

Géneros
Chlamyphorus

Cabassous

Chaetophractus

Dasypus

Euphractus

Priodontes

Tolypeutes

Zaedyu

O tatu é um mamífero da ordem Xenarthra, família Dasypodidae, caracterizado pela armadura que cobre o corpo. Nativos do continente Americano, os tatus habitam savanas, cerrados, matas ciliares, e florestas secas. Têm importância para a medicina, uma vez que são os únicos animais, para além do homem, capazes de contrair lepra, sendo usados nos estudos dessa enfermidade.

Os tatus também são de grande importância ecológica, pois são capazes de alimentar-se de insetos (insetívoro) contribuindo para um equilibrio de populações de formigas e cupins. Na Universidade da Região da Campanha – Alegrete/RS, um trabalho de dieta destes dasípodos revelou que apenas um exemplar (Dasypus hybridus – tatu mulita) com aproximadamente 2,5 kg de peso consome cerca de 8.855 invertebrados em apenas uma noite ou até menos.

Quando estes animais são caçados pelo seu valor cinegético (caça para alimento) acaba por se desequilibrar o ecossistema pois se extermina um controlador natural de insectos, favorecendo o aumento destes invertebrados, resultando em problemas econômicos para a região.

Quando se protege de outros predadores, o tatu enrola-se, formando uma bola de armadura quase indestrutível. Nem um atropelamento de um veículo consegue perfurar a espessa armadura que o cobre.

fonte: wiki

Fauna da Serra da Cantareira – Bugio

Bugio
Bugiu
Estado de conservação
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Infraordem: Simiiformes
Parvordem: Platyrrhini
Família: Atelidae
Subfamília: Alouattinae
Género: Alouatta
Espécie: A. guariba
Nome binomial
Alouatta guariba

( Humboldt, 1812

O bugio (também conhecido por guariba, barbado ou macaco-uivador) está entre os maiores primatas neotropicais, com comprimento de 30 a 75 centímetros. Sua pelagem varia de tons ruivos, ruivo acastanhados, castanho e castanho escuro. No caso da subespécie Alouatta guariba clamitans, os machos são vermelho-alaranjados e as fêmeas e jovens são castanho escuros. Ele é famoso por seu grito, que pode ser ouvido em toda a mata, e pela presença de pêlos mais compridos nos lados da face formando uma espécie de barba.

O Alouatta guariba é a espécie de bugio que habita a Mata Atlântica, desde o sul da Bahia (subespécie Alouatta guariba guariba) até o Rio Grande do Sul, chegando ao norte da Argentina, na região de Misiones (Subespécie Alouatta guariba clamitans). As duas subespécies constam na lista do Ibama como criticamente em perigo e vulnerável, respectivamente.

O desmatamento ameaça a sobrevivência dos bugios de diferentes maneiras. A mais evidente é a retirada da vegetação, o que restringe seus ambientes a pequenos fragmentos isolados.

  • Nasce em todas as estações do ano, depois um período de gestação de aproximadamente 140 dias.
  • Filho fica agarrado às costas da mãe durante os primeiros meses de vida.
  • Maturidade é atingida entre um ano e meio e dois anos.
  • Alimenta-se predominantemente de folhas, flores, brotos, frutos e caules de trepadeiras.
  • Pouco ativo, se locomove vagarosamente com a auxílio de sua cauda preênsil, que pode atingir 80 cm.
  • Pode atingir até 9 kg de peso.

A Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) mantém laboratórios e alojamentos para pesquisadores denominado Estação Biológica de Caratinga (EBC), que é uma fazenda particular com um fragmento de Mata Atlântica e cerca de 800 hectares, onde ocorre a subespécie Alouatta guariba clamitans.

O grito do bugio

Quando amanhece em algum lugar de uma floresta tropical da América do Sul ouvem-se rugidos crescentes. Primeiro um, em seguida outro e depois outro, cada qual mais forte e penetrante. São os bandos de bugios comunicando a sua localização uns para os outros, como se cada indivíduo estivesse dizendo: “Estou no pedaço.”

O grito é a sua característica mais importante (um ronco forte). É interrompido e recomeçado várias vezes durante minutos e até horas. Costuma ser emitido também quando são observados outros grupos se aproximando ou com a invasão do território por outro indivíduo.

Quem ouve o ronco assustador do bugio nem imagina que por trás dequele estrondo e da barba espessa, esconde-se um macaco tímido, que vive em pequenos grupos, de três a doze indivíduos, de ambos os sexos e várias idades, chefiados por um macho adulto. Quanto ao seu tempo de vida, pouco se sabe, pois trata-se de um animal que não se adapta bem ao cativeiro.

A amplificação da potência desses sons é obtida graças ao hióide, pequeno osso situado entre a laringe e a base da língua. Na presença de um predador, ou de outros grupos de bugios o hióide funciona como uma caixa de ressonância.

Carne nobre para os índios

Os bugios (ou guaribas) foram muito caçados pelos índios, que apreciavam a sua carne acima de todas as outras. A lentidão para fugir das flechas também contribuiu para a sua preferência entre os índios. A caça ao primata é descrita por Darcy Ribeiro no livro Diários Índios (Cia. das Letras, 1996).

“Durante a caçada aos guaribas, os índios entusiasmaram-se a valer, gritavam imitando os urros dos macacos e os perseguiram por quilômetros, seguindo sua corrida nas árvores, saltando troncos, numa disparada infernal no meio da mata fechada.”

“A caçada aos guaribas é extremamente difícil. Eles se escondem na fronde das árvores mais altas, entre as touceiras de cipós, e ficam lá por horas, sem se mostrarem. Quando atingidos por flechas, que devem romper toda aquela couraça de lianas, os guaribas gritam de modo assustador, arrancam as flechas do corpo e as quebram com gestos muito humanos.”

Bugios em Embu das Artes

Recentemente foi registada a presença destes animais na região de Embu das Artes. Foram gravadas imagens e o som característico dos animais.

fonte: wiki

Conferência “Em Defesa do Meio Ambiente”

Dando seqüência ao seu trabalho de cidadania, a Faculdade Arautos do Evangelho – FAEV continua seu Ciclo de Conferências. Realizou-se no dia 1º de Abril de 2008, às 18h00, no Auditório da Faculdade Arautos do Evangelho e envolveu a participação de 400 pessoas da comunidade acadêmica e moradores da região da Serra da Cantareira, a Conferência sobre “Meio Ambiente em que vivemos e o Parque Estadual da Cantareira”. Para explanação do tema foi convidado o Secretário de Meio Ambiente do município de Mairiporã, Prof. Ms. Jonpeter Germano Glaeser.

Com diversos assuntos ligados a temática Meio Ambiente, o Prof.º Ms. Glaeser, destacou os principais aspectos positivos e negativos atualmente encontrados na Serra da Cantareira, dando a conhecer como o avanço da cidade, quando mal estruturado, pode prejudicar as áreas naturais e de reservas, o papel dos seres humanos e sua importância para que ele se beneficie e preserve de forma harmônica o Meio Ambiente em que vive.

Ele explicou como foi concebido o  Parque Estadual da Cantareira, com seus quatro núcleos (Pedra Grande, Aguas Claras, Engordadouro e Cabuçu), expondo sobre todas as características de cada local. O Professor salientou os problemas enfrentados pela especulação imobiliária, loteamentos clandestinos, áreas particulares contíguas, que facilitam a formação de favelas em seu entorno, provocados pela “Pressão Antrópica” (expansão da região urbana em direção a serra, principalmente a Zona Norte de São Paulo e Guarulhos), segundo o conferencista:

“O Arautos do Evangelho realizam um trabalho de grande importância para a preservação da Serra da Cantareira com o plantio de vegetação silvestre na região, que restaura o aspecto ambiental ao substituir as árvores eucalipto, pinheiro e exótica na região e que degradam o ambiente por não permitir o desenvolvimento natural da floresta, por vegetação nativa, típica que irá colaborar para o desenvolvimento natural.”

Após a apresentação do tema, o Prof.º Ms. Glaeser respondeu as questões feitas pelos participantes do evento, falando sobre sua vida pública e carreira acadêmica, modelos de parcerias, obras governamentais e fontes de energias renováveis. Uma das perguntas estava relacionada como os cidadãos podem colaborar para a preservação do Meio Ambiente:

“A lição de maior eficácia seria que cada cidadão se torne um multiplicador educacional (…) Campanhas e atividades podem ser realizadas por outras partes da sociedade a exemplo que a Faculdade dos Arautos do Evangelho faz hoje aqui.”

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Foto do Evento

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A aliança entre o homem e a criação

O uso dos recursos do universo não pode ser separado do respeito pelas exigências morais. O domínio dado pelo Criador ao homem sobre os seres vivos e inanimados exige um respeito religioso pela integridade da criação

Jose Antonio Dominguez.JPGJosé Antonio Dominguez

Ao surgir das mãos de Deus, o homem era perfeitamente ordenado, criado à Sua “imagem e semelhança” (Gn 1, 26) e vivendo em harmonia com a natureza. Sendo rei da criação, era detentor do domínio sobre todos os seres, e isto se depreende da descrição do Gênesis: “E Deus os abençoou e disse: ‘Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais que se movem sobre a terra'” (Gn 1, 28).

Depois, Deus, num gesto de confirmação da realeza que lhe tinha conferido, apresentou todos os animais a Adão, “para este ver como os havia de chamar; e todo nome que Adão pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome” (Gn 2, 19). Pois, o dar o nome a algo ou a alguém é sinal de dominação.

Ao concluir a Sua obra, no sexto dia, com a criação do homem “Deus viu todas as coisas que tinha feito, e eram muito boas” (Gn 1, 31). Ou seja, tudo estava perfeito, sendo o homem o ápice, no qual se resumia todo o universo: o mundo mineral, vegetal e animal, o espírito e a matéria.

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O pecado destruiu a harmonia interna do homem

Porém, Adão, com sua ambição desmedida de querer ser igual a Deus – “sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3, 5), disse o tentador a Eva – rompeu essa ordem inicial, segundo nos ensina o Catecismo:

“A harmonia na qual estavam, estabelecida graças à justiça original, está destruída; o domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo é rompido; […] A harmonia com a criação está rompida: a criação visível tornou-se para o homem estranha e hostil. Por causa do homem, a criação está submetida à servidão da corrupção” (CIC, 400).

É de notar que até a própria criação material sofreu as conseqüências do pecado, de acordo com o ensinamento de São Paulo: “Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo” (Rm 8, 22-23).

O exemplo do dilúvio universal

Uma vez quebrada essa harmonia da criação, pelo pecado, encontra- se a explicação do rumo tomado pela humanidade: revoltando-se contra Deus e rompendo a ordem interna da alma, a conduta do homem afeta também os seres irracionais, criados para servi-lo. Ao longo da história, há momentos em que as conseqüências desse rompimento se tornam mais agudas, por exemplo, no episódio do dilúvio universal.

Servindo-se de uma linguagem antropomórfica, o autor sagrado deixa transparecer como as conseqüências da desordem moral atingem até a própria natureza:

“O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos de seu coração estavam continuamente voltados para o mal. O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de íntima dor. E disse: ‘Exterminarei da superfície da terra o homem que criei, e com ele os animais, os répteis e as aves dos céus, porque eu me arrependo de os haver criado'” (Gn 6, 5-7).

O autor sagrado faz uma relação misteriosa entre a ordem da natureza e a ordem moral. O rompimento de uma se reflete na outra: “a maldade dos homens era grande, […] exterminarei da superfície da terra o homem que criei, e com ele os animais, os répteis e as aves dos céus”.

Uma vez que o pecado é do homem, por que atingir também os animais?

O texto sagrado nos mostra que as desordens morais da humanidade acabam afetando a boa ordem da própria natureza e ameaçando sua integridade, pois o homem e o universo formam um conjunto harmônico, que reflete na beleza de seu todo, como num mosaico, as infinitas perfeições de Deus. Qualquer falha, em alguma das partes, desfigura e prejudica o conjunto.

O mau uso dos recursos naturais acarreta conseqüências nefastas

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Dia da Árvore: jovens arautos participam das
comemorações promovidas  pela  Secretária
do Meio  Ambiente de Mairiporã  (SP), plan-
tando mudas no Bosque da Amizade
Oscar Macoto

Na realidade, na grande maioria das situações de desordem moral, não é Deus que atua diretamente, mas são as próprias conseqüências do pecado, praticado pelo homem, no mau uso de seu livre arbítrio, que se voltam contra ele e o atingem, assim como à natureza. Não são as guerras, com seus efeitos devastadores, um exemplo disso? No mesmo sentido, também o uso inconsiderado dos recursos da natureza – o que constitui uma desordem moral – de que tanto se fala hoje, acaba tendo conseqüências nefastas para a humanidade.

O Papa Bento XVI tem chamado a atenção, mais recentemente, para a defesa da natureza, como por exemplo, no Ágora dos jovens italianos, em Loreto:

“Um dos campos em que parece urgente atuar é, sem dúvida, o da salvaguarda da criação. Às novas gerações é confiado o porvir do planeta, em que são evidentes os sinais de um desenvolvimento que nem sempre soube tutelar os delicados equilíbrios da natureza.

Antes que seja demasiado tarde, é preciso tomar decisões corajosas, que saibam criar de novo uma forte aliança entre o homem e a terra.

São necessários um sim decisivo à tutela da criação e um compromisso vigoroso em vista de inverter as tendências que correm o risco de levar a situações de degradação irreversível. Por isso, apreciei a iniciativa da Igreja italiana, de promover a sensibilidade sobre as problemáticas da salvaguarda da criação, proclamando um Dia Nacional que se celebra precisamente no dia 1º de setembro. No corrente ano, presta-se atenção sobretudo à água, um bem extremamente precioso que, se não for compartilhado de maneira eqüitativa e pacífica, infelizmente vai se tornar motivo de tensões duras e conflitos ásperos” (Homilia de 2/9/2007).

Mas a restauração dessa “aliança entre o homem e a terra”, de que fala tão oportunamente o Papa, só será possível pelo restabelecimento da aliança com Deus.

Respeito religioso pela integridade da Criação

Com efeito, ensina o Catecismo da Igreja Católica que “o sétimo mandamento [do Decálogo] ordena respeitar a integridade da criação. Os animais, como as plantas e os seres inanimados, estão naturalmente destinados ao bem comum da humanidade passada, presente e futura. O uso dos recursos minerais, vegetais e animais do universo não pode ser separado do respeito pelas exigências morais. O domínio dado pelo Criador ao homem sobre os seres inanimados e os seres vivos não é absoluto; é medido por meio da preocupação pela qualidade de vida do próximo, inclusive das gerações futuras; exige um respeito religioso pela integridade da criação” (CIC, 2415).

As conseqüências da inobservância das leis morais em relação à criação são já sentidas em alguma medida por toda a humanidade, que carrega sobre si todo o peso de séculos de revolução industrial, de progresso tecnológico e de consumismo desenfreado.

O Magistério da Igreja

A Igreja, sempre atenta aos problemas de seu tempo, tem feito ouvir com freqüência a sua voz, alertando para a crise que

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“E Deus viu que isso era bom”

Cada criatura possui sua bondade e sua perfeição
próprias. Para cada uma das obras dos “seis dias”
se diz: “E Deus viu que isto era bom”. “Pela própria
condição da criação, todas as coisas são dotadas
de fundamento próprio, verdade, bondade, leis e
ordens específicas.” As diferentes criaturas,
queridas  em seu próprio ser, refletem, cada uma
a seu modo,  um raio da sabedoria e da bondade
infinitas de Deus. É por isso que o homem deve
respeitar a bondade própria de cada criatura para
evitar um uso desordenado das coisas, que
menospreze o Criador  e acarrete conseqüências
nefastas para os homens  e seu meio ambiente.
(CIC, 339)

vai crescendo nas relações entre o homem e o ambiente, conseqüência da crise entre o homem e seu Criador.

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja aponta alguns aspectos da questão:

“A mensagem bíblica e o magistério eclesial constituem os pontos de referência-parâmetro para avaliar os problemas que se põem nas relações entre o homem e o ambiente . Na origem de tais problemas podese identificar a pretensão de exercitar um domínio incondicional sobre as coisas por parte do homem, um homem desatento às considerações de ordem moral que devem caracterizar cada atividade humana.

A tendência para a ‘exploração inconsiderada’ dos recursos da criação é o resultado de um longo processo histórico e cultural: ‘A época moderna registrou uma capacidade crescente de intervenção transformadora por parte do homem. O aspecto de conquista e de exploração dos recursos tornou-se predominante e invasivo, e hoje chega a ameaçar a própria capacidade acolhedora do ambiente: o ambiente como ‘recurso’ corre o perigo de ameaçar o ambiente como ‘casa’. Por causa dos poderosos meios de transformação, oferecidos pela civilização tecnológica, parece, às vezes, que o equilíbrio homem-ambiente tenha alcançado um ponto crítico'” (n. 461).

Saudades da integração com a natureza?

O habitante das sociedades industrializadas sente vivamente essa falta de equilíbrio, que se manifesta tantas vezes nas agressões da natureza, como também na doença do homem moderno, no estresse e no vazio espiritual. E a humanidade, que pela técnica julgou poder subjugar o universo, olha agora com certa saudade para trás, ansiosa por trocar uma vida excessivamente mecanizada e artificial por uma existência em que seja restabelecida a harmonia com a natureza.

Não refletirão também essas saudades o desejo de restaurar, de alguma forma, o convívio perdido com o Senhor Deus que “passeava pelo paraíso à hora da brisa, depois do meiodia” ? (Gn 3, 8).

(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2007, n. 71, p. 16 à 19)

Arautos incrementam reflorestamento na Serra da Cantareira

Inaugurando o Ciclo de Conferências em Defesa do Meio Ambiente, promovido pela Faculdade Arautos do Evangelho, o Secretário Municipal de Meio Ambiente e Agricultura de Mairiporã, Dr. Jonpeter Germano Glaeser, afirmou que o ambiente florestal da Serra da Cantareira resultará melhor do que antes da presença dos Arautos naquela área.

Mestre em Ecologia, professor universitário e consultor ambiental, o Dr. Jonpeter é também Diretor do Projeto Ecológico Serra da Cantareira e Conselheiro Geral do Núcleo Regional de Educação Ambiental Cantareira-Cabuçu.

Conferência sobre o Meio Ambiente

O Deputado Estadual Dr. Sérgio Olímpio Gomes visitou o Colégio e Seminário dos Arautos situado na Serra da Cantareira – SP, onde fez uma conferência sobre o Meio Ambiente e sua conservação.

Dr. Sérgio Olímpio é também Presidente da Frente Parlamentar em defesa da Cantareira além de possuir muitos outros títulos.

Arautos contra o desmatamento – Prêmio Top of Quality Ambiental

O trabalho de preservação da Serra da Cantareira na área onde estão construídos o seminário dos Arautos do Evangelho e a Igreja Nossa Senhora do Rosário contribuiu para que a empresa Engema fosse a vencedora do Prêmio Top of Quality Ambiental oferecido pela OPB (Ordem dos Parlamentares do Brasil). Especializada em projetos ambientais, a Engema concorreu com outras 700 empresas brasileiras.