Amazônia secará, mas sobreviverá a aquecimento, diz estudo

A Amazônia pode estar menos vulnerável ao aquecimento global do que se temia, porque a maioria das projeções subestima o volume das chuvas, segundo um novo estudo divulgado na segunda-feira por cientistas do Reino Unido.

De acordo com eles, o Brasil e outros países da região têm de se empenhar para evitar um ressecamento irreversível do leste da Amazônia, a região mais ameaçada pela mudança climática, o desmatamento e as queimadas.

“O regime de chuvas no leste da Amazônia deve mudar durante o século 21 numa direção que favoreça mais florestas sazonais em vez de cerrados”, escreveram os cientistas na edição desta semana da revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA.

As florestas sazonais têm estações secas e úmidas, ao contrário da atual floresta tropical, perenemente úmida. A mudança pode favorecer novas espécies de plantas e animais.

O novo estudo contrasta com projeções anteriores de que a Amazônia poderia ser substituída pelo cerrado. Em 2007, um relatório do Painel Climático da ONU, que reúne os principais climatologistas do mundo, alertava que “até meados do século, aumentos na temperatura e o correspondente declínio na água do solo devem levar a uma substituição gradual das florestas tropicais pelo cerrado no leste da Amazônia”.

O novo estudo diz que quase todos os 19 modelos climáticos globais subestimam as chuvas na maior floresta tropical do mundo –conclusão obtida com base nas comparações dos modelos com as observações do clima ao longo do século 20.

amazoniaAs planícies amazônicas têm uma precipitação pluviométrica anual de 2.400 milímetros, e mesmo com as reduções previstas elas devem continuar suficientemente úmidas para sustentar uma floresta, segundo o estudo.

Os especialistas também reagiram a estudos de campo sobre como a Amazônia poderia reagir ao ressecamento. Eles mostraram que as florestas sazonais seriam mais resistentes a eventuais secas, porém mais vulneráveis a queimadas do que as atuais matas.

O estudo alerta ainda para os riscos agregados pela fragmentação da floresta devido à abertura de estradas e lavouras.

“A forma fundamental para minimizar o risco de degradação da Amazônia é controlar globalmente as emissões de gases do efeito estufa, particularmente pela queima de combustíveis fósseis no mundo desenvolvido e na Ásia”, disse Yadvinder Malhi, coordenador do estudo, da Universidade de Oxford.

Mas ele afirmou que os governos da região, especialmente o Brasil, também precisam gerenciar melhor as florestas.

O aquecimento global, segundo os cientistas, está “acompanhado por uma intensidade sem precedentes na pressão direta sobre as florestas tropicais, por meio da extração de madeira, desmatamento, fragmentação e uso do fogo”.

Fonte: 

Minas Gerais é o maior desmatador da floresta atlântica

Uma área de mata atlântica de 103 mil hectares, equivalente a dois terços da cidade de São Paulo, foi desmatada no Brasil entre 2005 e 2008. O Estado campeão de desflorestamento foi Minas Gerais, pressionado pela produção de carvão. No período, perdeu-se 32,7 mil hectares de vegetação.

Além disso, a taxa anual de desmate permanece quase constante por oito anos –de 2000 a 2005 foram ceifados 34,9 mil hectares. De 2005 a 2008, foram 34,1 mil ha.

Isso mostra que a Lei da Mata Atlântica, aprovada em 2006, ainda não teve eficácia. Segundo a lei, o corte de vegetação primária e secundária só pode ocorrer em casos excepcionais, como para realizar projetos de utilidade pública.

0914765

Os dados de desmatamento, da ONG Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, referem-se a dez Estados, dos 17 que ainda têm o bioma. Atrás de Minas na lista de desmatadores estão Santa Catarina e Bahia. No ranking das cidades, as líderes de destruição são Jequitinhonha (MG), Itaiópolis (SC) e Bom Jesus da Lapa (BA).

O cenário é desanimador para a floresta que tem seu dia comemorado hoje. “Sinaliza que o poder público não tem priorizado o tema. É preciso melhorar a fiscalização”, afirma Marcia Hirota, diretora da ONG SOS. Ela defende, inclusive, que os Estados adotem metas de redução do desmate.

A área original do bioma está reduzida a 11,4%, se considerados os fragmentos de floresta acima de 3 hectares –quanto menor a área, mais difícil é a sobrevivência das espécies. Mas, se apenas fragmentos com mais de cem hectares forem levados em consideração, o remanescente cai para 7,9%.

Em Minas, a região mais desmatada fica na divisa com o cerrado. E, de acordo com Mario Mantovani, também diretor da ONG, sua destruição está relacionada à exploração de carvão vegetal para a siderurgia.

O IEF (Instituto Estadual de Florestas), órgão ambiental de Minas Gerais, afirma que a pressão sobre as florestas nativas decorrem da “expansão agropecuária e do consumo ilegal de carvão vegetal”. Porém, segundo o IEF, de 2003 até 2009 foram aplicados R$ 98 milhões no monitoramento e fiscalização ambiental da área.

Santa Catarina foi criticada por aprovar recentemente lei que prevê redução da faixa de preservação ao longo de rios. “Essa é a ponta de um grande problema, com décadas de desobediência civil e do desmonte do órgão ambiental”, disse Mantovani. A Folha procurou a Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável de SC, mas não teve resposta.

Fonte:Folha 

A aliança entre o homem e a criação

O uso dos recursos do universo não pode ser separado do respeito pelas exigências morais. O domínio dado pelo Criador ao homem sobre os seres vivos e inanimados exige um respeito religioso pela integridade da criação

Jose Antonio Dominguez.JPGJosé Antonio Dominguez

Ao surgir das mãos de Deus, o homem era perfeitamente ordenado, criado à Sua “imagem e semelhança” (Gn 1, 26) e vivendo em harmonia com a natureza. Sendo rei da criação, era detentor do domínio sobre todos os seres, e isto se depreende da descrição do Gênesis: “E Deus os abençoou e disse: ‘Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais que se movem sobre a terra'” (Gn 1, 28).

Depois, Deus, num gesto de confirmação da realeza que lhe tinha conferido, apresentou todos os animais a Adão, “para este ver como os havia de chamar; e todo nome que Adão pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome” (Gn 2, 19). Pois, o dar o nome a algo ou a alguém é sinal de dominação.

Ao concluir a Sua obra, no sexto dia, com a criação do homem “Deus viu todas as coisas que tinha feito, e eram muito boas” (Gn 1, 31). Ou seja, tudo estava perfeito, sendo o homem o ápice, no qual se resumia todo o universo: o mundo mineral, vegetal e animal, o espírito e a matéria.

Alian?a.JPG

O pecado destruiu a harmonia interna do homem

Porém, Adão, com sua ambição desmedida de querer ser igual a Deus – “sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3, 5), disse o tentador a Eva – rompeu essa ordem inicial, segundo nos ensina o Catecismo:

“A harmonia na qual estavam, estabelecida graças à justiça original, está destruída; o domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo é rompido; […] A harmonia com a criação está rompida: a criação visível tornou-se para o homem estranha e hostil. Por causa do homem, a criação está submetida à servidão da corrupção” (CIC, 400).

É de notar que até a própria criação material sofreu as conseqüências do pecado, de acordo com o ensinamento de São Paulo: “Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo” (Rm 8, 22-23).

O exemplo do dilúvio universal

Uma vez quebrada essa harmonia da criação, pelo pecado, encontra- se a explicação do rumo tomado pela humanidade: revoltando-se contra Deus e rompendo a ordem interna da alma, a conduta do homem afeta também os seres irracionais, criados para servi-lo. Ao longo da história, há momentos em que as conseqüências desse rompimento se tornam mais agudas, por exemplo, no episódio do dilúvio universal.

Servindo-se de uma linguagem antropomórfica, o autor sagrado deixa transparecer como as conseqüências da desordem moral atingem até a própria natureza:

“O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos de seu coração estavam continuamente voltados para o mal. O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de íntima dor. E disse: ‘Exterminarei da superfície da terra o homem que criei, e com ele os animais, os répteis e as aves dos céus, porque eu me arrependo de os haver criado'” (Gn 6, 5-7).

O autor sagrado faz uma relação misteriosa entre a ordem da natureza e a ordem moral. O rompimento de uma se reflete na outra: “a maldade dos homens era grande, […] exterminarei da superfície da terra o homem que criei, e com ele os animais, os répteis e as aves dos céus”.

Uma vez que o pecado é do homem, por que atingir também os animais?

O texto sagrado nos mostra que as desordens morais da humanidade acabam afetando a boa ordem da própria natureza e ameaçando sua integridade, pois o homem e o universo formam um conjunto harmônico, que reflete na beleza de seu todo, como num mosaico, as infinitas perfeições de Deus. Qualquer falha, em alguma das partes, desfigura e prejudica o conjunto.

O mau uso dos recursos naturais acarreta conseqüências nefastas

ARAUTOS.JPG
Dia da Árvore: jovens arautos participam das
comemorações promovidas  pela  Secretária
do Meio  Ambiente de Mairiporã  (SP), plan-
tando mudas no Bosque da Amizade
Oscar Macoto

Na realidade, na grande maioria das situações de desordem moral, não é Deus que atua diretamente, mas são as próprias conseqüências do pecado, praticado pelo homem, no mau uso de seu livre arbítrio, que se voltam contra ele e o atingem, assim como à natureza. Não são as guerras, com seus efeitos devastadores, um exemplo disso? No mesmo sentido, também o uso inconsiderado dos recursos da natureza – o que constitui uma desordem moral – de que tanto se fala hoje, acaba tendo conseqüências nefastas para a humanidade.

O Papa Bento XVI tem chamado a atenção, mais recentemente, para a defesa da natureza, como por exemplo, no Ágora dos jovens italianos, em Loreto:

“Um dos campos em que parece urgente atuar é, sem dúvida, o da salvaguarda da criação. Às novas gerações é confiado o porvir do planeta, em que são evidentes os sinais de um desenvolvimento que nem sempre soube tutelar os delicados equilíbrios da natureza.

Antes que seja demasiado tarde, é preciso tomar decisões corajosas, que saibam criar de novo uma forte aliança entre o homem e a terra.

São necessários um sim decisivo à tutela da criação e um compromisso vigoroso em vista de inverter as tendências que correm o risco de levar a situações de degradação irreversível. Por isso, apreciei a iniciativa da Igreja italiana, de promover a sensibilidade sobre as problemáticas da salvaguarda da criação, proclamando um Dia Nacional que se celebra precisamente no dia 1º de setembro. No corrente ano, presta-se atenção sobretudo à água, um bem extremamente precioso que, se não for compartilhado de maneira eqüitativa e pacífica, infelizmente vai se tornar motivo de tensões duras e conflitos ásperos” (Homilia de 2/9/2007).

Mas a restauração dessa “aliança entre o homem e a terra”, de que fala tão oportunamente o Papa, só será possível pelo restabelecimento da aliança com Deus.

Respeito religioso pela integridade da Criação

Com efeito, ensina o Catecismo da Igreja Católica que “o sétimo mandamento [do Decálogo] ordena respeitar a integridade da criação. Os animais, como as plantas e os seres inanimados, estão naturalmente destinados ao bem comum da humanidade passada, presente e futura. O uso dos recursos minerais, vegetais e animais do universo não pode ser separado do respeito pelas exigências morais. O domínio dado pelo Criador ao homem sobre os seres inanimados e os seres vivos não é absoluto; é medido por meio da preocupação pela qualidade de vida do próximo, inclusive das gerações futuras; exige um respeito religioso pela integridade da criação” (CIC, 2415).

As conseqüências da inobservância das leis morais em relação à criação são já sentidas em alguma medida por toda a humanidade, que carrega sobre si todo o peso de séculos de revolução industrial, de progresso tecnológico e de consumismo desenfreado.

O Magistério da Igreja

A Igreja, sempre atenta aos problemas de seu tempo, tem feito ouvir com freqüência a sua voz, alertando para a crise que

LAGO1.jpg
“E Deus viu que isso era bom”

Cada criatura possui sua bondade e sua perfeição
próprias. Para cada uma das obras dos “seis dias”
se diz: “E Deus viu que isto era bom”. “Pela própria
condição da criação, todas as coisas são dotadas
de fundamento próprio, verdade, bondade, leis e
ordens específicas.” As diferentes criaturas,
queridas  em seu próprio ser, refletem, cada uma
a seu modo,  um raio da sabedoria e da bondade
infinitas de Deus. É por isso que o homem deve
respeitar a bondade própria de cada criatura para
evitar um uso desordenado das coisas, que
menospreze o Criador  e acarrete conseqüências
nefastas para os homens  e seu meio ambiente.
(CIC, 339)

vai crescendo nas relações entre o homem e o ambiente, conseqüência da crise entre o homem e seu Criador.

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja aponta alguns aspectos da questão:

“A mensagem bíblica e o magistério eclesial constituem os pontos de referência-parâmetro para avaliar os problemas que se põem nas relações entre o homem e o ambiente . Na origem de tais problemas podese identificar a pretensão de exercitar um domínio incondicional sobre as coisas por parte do homem, um homem desatento às considerações de ordem moral que devem caracterizar cada atividade humana.

A tendência para a ‘exploração inconsiderada’ dos recursos da criação é o resultado de um longo processo histórico e cultural: ‘A época moderna registrou uma capacidade crescente de intervenção transformadora por parte do homem. O aspecto de conquista e de exploração dos recursos tornou-se predominante e invasivo, e hoje chega a ameaçar a própria capacidade acolhedora do ambiente: o ambiente como ‘recurso’ corre o perigo de ameaçar o ambiente como ‘casa’. Por causa dos poderosos meios de transformação, oferecidos pela civilização tecnológica, parece, às vezes, que o equilíbrio homem-ambiente tenha alcançado um ponto crítico'” (n. 461).

Saudades da integração com a natureza?

O habitante das sociedades industrializadas sente vivamente essa falta de equilíbrio, que se manifesta tantas vezes nas agressões da natureza, como também na doença do homem moderno, no estresse e no vazio espiritual. E a humanidade, que pela técnica julgou poder subjugar o universo, olha agora com certa saudade para trás, ansiosa por trocar uma vida excessivamente mecanizada e artificial por uma existência em que seja restabelecida a harmonia com a natureza.

Não refletirão também essas saudades o desejo de restaurar, de alguma forma, o convívio perdido com o Senhor Deus que “passeava pelo paraíso à hora da brisa, depois do meiodia” ? (Gn 3, 8).

(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2007, n. 71, p. 16 à 19)

Tietê: Um rio verdadeiro

O principal rio do estado de São Paulo, e um dos mais importantes do País, nasce de três pequenos olhos d’água no município de Salesópolis e segue seu curso por 1.136 km até sua foz na divisa com o estado do Paraná, passando por cidades como a capital paulista, Pirapora do Bom Jesus e Barra Bonita.

O Tietê enfrenta durante esse trajeto o maior desafio para se manter vivo: a poluição.

O repórter Luciano Batista e o cinegrafista Paulo Welter percorreram parte do rio, da nascente até Barra Bonita, e nos mostram nesta reportagem as duas faces do Tietê: limpo e cheio de vida, depois poluído e quase morto.

E constatam que a luta pela vida tem prevalecido sobre a ação devastadora do homem, com o desmatamento e a poluição.

Gigantes do Mar

Elas já fizeram parte da lista de animais ameaçados de extinção. São da época dos dinossauros e cada uma delas pode viver até cem anos, pesar mais de 700 Kg e chegar a um tamanho superior a dois metros.

As tartarugas marinhas encantam e hoje são preservadas, principalmente pelos pescadores que antes sacrificavam estas espécies para vender o casco e se alimentar de sua carne.

Vamos conhecer um pouco mais sobre este encantador animal nesta série de duas reportagens.

Preservação da Espécie

Criado em 1980, o projeto Tartarugas Marinhas (Tamar) já realizou uma série de trabalhos, principalmente de conscientização junto às comunidades pesqueiras para preservar estas espécies que estavam ameaçadas de extinção.

Hoje ela conta com 22 bases espalhadas pelos mais de 8 mil km de costa e já ajudou a salvar milhares de animais.

Nesta segunda reportagem sobre as tartarugas marinhas, vamos conhecer um pouco mais sobre este trabalho que já foi reconhecido internacionalmente por preservar estes gigantes do mar.